quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Relatório de Leitura e Debate - 14/08/2014 - "Reforma ou Revolução" de Rosa Luxemburgo - Parte 1


Reforma ou revolução


Leitura do Prefácio e dos capítulos: 1. O Método Oportunista; 2. A Adaptação do Capitalismo; 3. A Realização do Socialismo pelas Reformas Sociais
 
 

Temas discutidos em 14/08/14:


  • As oscilações do sufrágio universal na Alemanha, os ataques ao sindicalismo na Inglaterra e a estagnação das reformas sociais demonstraram que o capitalismo não poderia oferecer à classe trabalhadora um progresso linear e ininterrupto. Muito ao contrário, os retrocessos demonstrados por Rosa Luxemburgo apontam a fragilidade da perspectiva reformista e a vitalidade do projeto revolucionário.
  • O socialismo científico contrasta com a mera repulsa moral ao capitalismo, figurando, em Rosa Luxemburgo, como uma necessidade histórica e objetiva decorrente de três fatores internos ao modo de produção capitalista: i) a anarquia da produção e sua tendência a conduzir o sistema a uma crise final; ii) a socialização da produção; iii) a crescente organização e formação de uma consciência de classe por parte dos trabalhadores.
  • No entanto, o grupo problematizou esses fatores. Sobre a “crise final”, foi colocado que, em parte, Bernstein acertou ao conceber a adaptação do capitalismo em face de suas dificuldades. Todavia, ele errou ao imaginar que a integração dos trabalhadores ao sistema capitalista pudesse ser bem-sucedida. Além disso, a crítica de Rosa Luxemburgo ao crédito é plenamente atual, pois por ela se vê que os mecanismos financeiros não suprimem as contradições do modo de produção; elas as elevam a patamares superiores. Isto, porém, não necessariamente desemboca num desmoronamento, mas é fator de crises reiteradas e agravamento na luta de classes.
  • Sobre o socialismo como uma necessidade histórica e objetiva, e não como mero produto da vontade, o grupo discutiu as premissas e as implicações desta perspectiva. Colocou-se na discussão que a cientificidade do socialismo, de um lado, está mais na posição “privilegiada” da classe trabalhadora na estrutura social – no sentido de lhe facultar uma visão mais ampla sobre a sociedade – do que numa suposta inevitabilidade do fim do capitalismo. Em adendo, a própria existência do antagonista objetivamente interessado na superação do sistema faz do projeto socialista algo com bases objetivas.
  • Também foi colocado que o contexto de Rosa Luxemburgo não permitiu que ela vislumbrasse os modernos “meios de adaptação” do capitalismo – embora se tenha levantado que as ideias do texto poderiam ter sido melhor desenvolvidas à luz da teoria do valor (a qual não foi de todo explorada naquela obra especificamente). No entanto, o cerne da polêmica era desmentir as ditas tendências democráticas do capitalismo, sobretudo no tocante ao chamado “controle social”.
  • A visão “catastrofista” de Rosa Luxemburgo contrasta com o catastrofismo atual, pois na primeira havia mais destaque para a ação política. Curiosamente, a posição de Bernstein, completamente anticatastrofista, não o levou a defender a revolução, mas justamente o contrário.