segunda-feira, 18 de maio de 2015

Relatório de Leitura e Debate - 07/05/2015





Texto: “¿Y ahora qué?”, de Karl Kautsky


- De início, foi levantado um problema de método nas categorias apresentadas por Kautsky para classificar os diversos "tipos" de greve geral. Dividir os tipos de greve em "demonstrativas" e "coercitivas" revela positivismo em sua abordagem. Ele recorre a abstrações pré-concebidas para classificar uma realidade que é dinâmica e contraditória.



- No texto seguinte, inclusive, Rosa Luxemburgo fará a crítica dessas categorias usadas por Kautsky, ligando o seu uso à Bernstein e ao reformismo da Segunda Internacional.



- Entrou em discussão, logo depois, a questão das abstrações e o uso delas no método das ciências sociais. Foi colocado como problematização que não apenas o positivismo faz uso das abstrações, mas também o método dialético. Entretanto, esses dois métodos fazem uso diferente das abstrações. O positivismo parte de abstrações elaboradas pelo sujeito, tido como imparcial e alheio o objeto, que procura a partir delas classificar e entender a realidade. O método dialético, não: ele recorre às abstrações necessárias para compreender a dinâmica do concreto e a ele retornar depois.



- Foi alvo de críticas essa visão de imparcialidade do positivismo. A ciência marxista não é imparcial, na medida em que é seu pressuposto a transformação da realidade. Não devemos procurar ser imparciais e neutros, mas sim adotar uma visão de classe. Cada classe produz sua ciência. O positivismo é conservador por excelência e a dialética materialista, revolucionária. O outro lado é todo o restante do mundo, não somos nós quem devemos dar voz a eles.



- Em alguns trechos, Kautsky reputa à Rosa Luxemburgo coisas que ela não disse, o que denota certa desonestidade intelectual de sua parte.



- Foram feitas discussões comparando a greve geral debatida no texto com a atual greve dos professores estaduais. Foi discutida a intransigência do governo com os professores, que conseguiu, na justiça, uma liminar impedindo que o sindicato entre nas escolas para convencer os professores a aderir à greve.


- Discutimos também as mobilizações de junho, que não tiveram a classe organizada em sua composição. Podemos fazer algum tipo de paralelo com a greve do texto e as manifestações, mas, por conta da presença da classe trabalhadora organizada nas greves gerais e ausência dela dessa forma nas recentes manifestações, precisamos entender ambos como fenômenos diferentes.


- Acrescenta-se a este relatório questionamentos elaborados após a reunião:
Não teria ficado clara a passagem "De início, foi levantado um problema de método nas categorias apresentadas por Kautsky para classificar os diversos 'tipos' de greve geral. Dividir os tipos de greve em 'demonstrativas' e 'coercitivas' revela positivismo em sua abordagem. Ele recorre a abstrações pré-concebidas para classificar uma realidade que é dinâmica e contraditória."

E também outra passagem que parece tentar explicar a diferença entre o método positivista e o dialético de recorrer às abstrações:

"[...]. O positivismo parte de abstrações elaboradas pelo sujeito, tido como imparcial e alheio o objeto, que procura a partir delas classificar e entender a realidade. O método dialético, não: ele recorre às abstrações necessárias para compreender a dinâmica do concreto e a ele retornar depois."

Questões:
1. Em que momento do texto o autor (Kautsky) se colocou como "imparcial e alheio ao objeto". Isso me escapou na leitura.

2. "Quem" define quais são as "abstrações necessárias"? O próprio objeto? Mas isso não tem de passar pelos sujeitos, cujos cérebros não funcionam senão por abstrações (Introdução de 1857)?

3. O método dialético não trabalha sobre abstrações, simples e gerais, rumo a outras abstrações, mais concretas e complexas (e eis aí classes de abstrações, segundo a Introdução de 1857)?

4. Pergunto se a mesma acusação de "positivismo" não poderia ser feita a Lênin, de Que fazer?, quando divide a luta de classes em "luta econômica" e "luta política", para polemizar com o economicismo que via esta contida necessariamente naquela e que rejeitava mesmo essa classificação?

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