segunda-feira, 18 de maio de 2015

Relatório de Leitura e Debate - 26/03/2015



Os debates se iniciaram com comentários das discussões da reunião anterior.

A seguir, comentou-se acerca da ideia de consciência de classe, que no início do século XX possuía uma acepção mais subjetiva. Como exemplo pode-se citar Lukács. Lembrou-se que a leitura imediata do capítulo sobre a ideologia da obra Teoria Geral do Direito e Marxismo” de Pachukanis daria a entender ser ele adepto também do subjetivismo, mas o resto da obra é precursora da ideia de que a ideologia interpela o indivíduo como sujeito. A obra em si é estruturante.

A mencionada perspectiva subjetivante era típica do início do século XX, dentro e fora do marxismo. No Direito, por exemplo, Kelsen também abordou a ideologia na perspectiva subjetivista.

Apontou-se que Gramsci marcou a virada para uma perspectiva mais objetivante.

A seguir, apontou-se que essa ideia subjetivante de então pode decorrer do fato de não ser a Ideologia Alemã uma obra conhecida até então.

Destacou-se, após, trechos das páginas 97/98 que revelariam a ideia de totalidade, o compromisso metodológico do autor.

Comentou-se trecho da pág. 100 que mostra a aplicação da dialética em contraponto a ideia evolucionista. Lembrou-se que Marx fala sobre o caráter revolucionário da classe média na crítica ao programa de Gotha. Verifica-se do texto que seria impossível ao capitalismo proletarizar toda a sociedade (o que seria utópico e desnecessário, mas que o proletariado precisa ser grande o suficiente e politicamente suficiente para vencer a contra-revolução. Este tipo de questão aparece com frequência em “Que Fazer?”: a ideia de direção consciente (consciência do processo em que está envolta), de hegemonia.

Tem-se aqui uma primeira proposta de transição conduzida pelas classes dominadas, um certo dirigismo não de natureza artificial, mas orgânico, surgido nas bases.

Na pág. 101 aborda-se a planificação a partir da grande produção e a produção em nível mais adiantado como elemento propiciador do processo revolucionário. O socialismo é produção em grande escala organizada, não uma soma de pequenas cooperativas.

Discutiu-se a planificação como condição geral do socialismo. Apontou-se que costuma-se pensar na divisão do trabalho apenas a partir da ideia de alienação, mas a divisão social do trabalho permitiria uma atuação no sentido da planificação. O nível material se elevaria quando da planificação, mas seria um processo tenso, dialético, não inevitável.

Apontou-se que o texto aborda o papel do Estado nesse processo de passagem para a economia coletivista, bem como o teor internacionalista, contida na crítica ao socialismo de um só país.

Voltando ao texto, comentando a pág. 103, comentou-se sobre o capitalismo como entrave ao desenvolvimento da técnica. Esse entrave não é uma condição bastante para o capitalismo.

Apontou-se, ainda, a questão da luta de classes como elemento científico construtor do método. Mesmo que os elementos objetivos estejam colocados, não é possível realizar o socialismo sem o componente subjetivo(luta de classes).

Questionou-se: as condições para o socialismo estavam dadas objetivamente? A experiência soviética teria dado certo? É uma revolução traída (nome de livro que trata da burocratização da URSS)? Comentou-se que as condições não estavam colocadas e que apenas na década de 1950 a capacidade produtiva da URSS se igualou ao ocidente. As condições não eram suficientes para “completar a revolução”. Uma revolução prematura já nasce traída?

Lembrou-se que Trotsky ensina que a tomada do poder não se confunde com a construção do socialismo.

Seguiu-se uma discussão acerca do processo histórico em torno da relação entre o desenvolvimento das forças produtivas e a tomada do poder. As forças produtivas na União Soviética não teriam avançado, mas apenas alcançado o que já havia no capitalismo internacional. A partir daí a propriedade privada foi substituída por uma direção de burocracia de Estado. Mas mesmo esse desenvolvimento não permitiria a superação do Capitalismo. Questionou-se, então, a possibilidade de completar a transição sem que haja uma tomada de poder em nível internacional.

O Prof. Orione voltou à questão da consciência de classe, seguindo-se fala do colega Pablo acerca do subjetivismo como classe.

Voltando ao texto, na página 108 Trotsky fala no proletariado do campo, conceito normalmente associado ao trabalhador da fábrica. Ou seja, também há indústria no campo. Falou-se, então, que terra e capital são meios de produção, lembrando-se que Marx fala da terra como meio de produção quando aborda a acumulação primitiva e a necessidade de tirar o produtor desse meio de produção. Enfrenta-se, assim, a tendência de pensar a liderança da cidade sobre o campo.

A reunião se encerrou abordando a ideia de “hegemonia”, termo recorrente entre os séculos XIX e XX e a ressignificação dada ao termo por Gramsci.





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